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O tamanho da crise econômica

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style="width: 100%;" data-filename="retriever">"A Primeira Lei dos Economistas: para cada economista, existe um economista igual e oposto. A Segunda Lei dos Economistas: ambos estão errados".

Dois profissionais muito requisitados nestes tempos tumultuados que estamos vivendo são os médicos e os economistas. A explicação para essa alta demanda, óbvio, são duas crises interligadas: a da saúde, por causa do novo coronavírus, e a da economia, pelo desemprego causado pela paralização de grande parte da atividade econômica. A duração da crise da saúde vai depender da eficácia em deter a transmissão do vírus e pela descoberta de remédios de cura da Covid-19. E qual o tamanho da crise econômica?

Logo após a chegada do vírus no Brasil, os economistas do governo revisaram sua previsão de crescimento do PIB em 2020 e chegaram à curiosa taxa de 0,02%. As estimativas dos economistas dos bancos estrangeiros são de queda maior do PIB, podendo chegar a menos 3,5%. Um respeitado economista de esquerda traçou um cenário assustador: uma crise maior do que a Grande Depressão de 1929 e queda no PIB nacional de 10%. Em qual desses economistas devemos acreditar?

Minha opinião: em nenhum deles! Assim como não existe nenhum modelo matemático para estimar, ao certo, quando a curva de expansão da Covid-19 fará o seu ponto de inflexão, tampouco existe fórmula para estimar o tamanho da desaceleração da economia nacional. Tudo não passa de mero palpite. Porém têm suas consequências sobre as expectativas dos agentes econômicos. Quanto mais catastrófico for o cenário, pior as expectativas para o futuro e mais profunda vai ser a crise econômica. Neste caso, a profecia se realiza!

Um economista bem-humorado (coisa rara!) definiu a diferença entre uma "recessão" e uma "depressão": na primeira, seu vizinho perde o emprego; na segunda, você perde o emprego. Daí porque é tão importante preservar os empregos para não repetir o erro de 1929. Naquele ano, o presidente norte-americano, o republicano Herbert Hoover, era contra qualquer espécie de ajuda do governo aos desempregados. Em 1932, quando o democrata Franklin Roosevelt ganhou as eleições, um quarto da força de trabalho estava desempregada nos EUA. A política de Roosevelt que tirou a economia do buraco, conhecida como New Deal, era simples: criar empregos de qualquer maneira (até "enterrando garrafas com um dólar numa velha mina de carvão", como propôs Keynes).

Desde a crise de 1929, o capitalismo passou por altos e baixos, mas nada que se compare à atual crise. Ela não tem nada a ver com problemas econômicos, como a crise financeira global de 2008, cujo incêndio (falta de pagamento de hipotecas) foi apagado com o socorro aos bancos. É mais grave. O dinheiro do governo pode mitiga-la, mas não pode extingui-la completamente. Depende mais da ciência do que da economia. Se o isolamento (ou uma vacina) for eficaz, mais cedo a locomotiva da economia volta para os trilhos.

O importante é manter o coração do paciente funcionando. Para isso, o gasto público funciona como o sangue que corre nas veias. Quanto mais o governo preservar a demanda, menos empresas irão fechar e menos danosa será a crise econômica. É isso que os Estados Unidos e a Comunidade Europeia estão fazendo, injetando trilhões de dólares e euros nas suas economias.

O Brasil reagiu tarde, sob pressão, de forma desordenada. Não se preparou para a chegada da pandemia. Falta o básico, como máscaras de proteção, álcool gel e até kits para testar quem contraiu a doença. O dinheiro liberado para proteção da renda e do emprego dos mais pobres, além de insuficiente, corre o risco de ficar preso na burocracia.



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